segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Tempero sutil



Um homem. Um açougueiro repousa seus olhos famintos num decote de uma mulher que ali espera. Sua altura possibilita uma visão ampla e profunda da linha que separa seus seios. Em suas circunferências pontiagudas imagina-se deliciar-se...

Devora-a com uma imaginação teoricamente possível. Visita os planos de sua consciência e nota que aquela universitária pode ser sua... Já conhece seus caminhos, sua ida constante ao mercado poderia ter relação com sua pessoa... Ela é a mulher especial, a carne rara e difícil de ser apreciada por mentes vazias.

Especial. Quero conhecer cada ponto de sua carne, provar, morder, temperá-la com um vinho nobre e clássico. Temperá-la com meu tempero. Deslizar-me pelo seu corpo misturando nossas carnes e nossos sabores. Provar a carna dos seus lábios e sugar uma outra que se agita em nossas bocas. União. União de duas entidades desejosas.

A pele morena brilha em exposição, os olhos transpassam um fogo. Aquele olhar sobre suas mãos, sobre sua barriga, sobre suas pernas... Um fogo que queima, assa e consome-se de desejos. Tal mulher o provoca.

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Cantada no açougue




Era para ser uma tranquila noite de comprar no supermercado, mas um fato ocorrido no açougue mudou a percepção de carne na minha vida.



Estava acompanhada por três amigos. Dois se entretiam na fila de frios, e Fran e eu esperávamos o nosso número ser chamado no açougue. Somente universitários como nós que teriam a capacidade de fazer comprar faltando cinco minutos para o supermercado fechar. Fiquei um pouco angustiada, mas precisávamos comprar o almoço.



Enquanto divagava segurando a cestinha Fran estava senbdo assediada.



- Moça, meu amigo perguntou se tem namorado. - um açougueiro loiro, alto e possuidor de um sorriso bonito lhe perguntou.



-Tenho sim. - Fran respondeu com um ar aparentemente risonho que pude notar.



O açougueiro ficou quieto, mas continuou exibindo o sorriso. Eu que tudo acompanhava fiquei interligando os fatos. Ele demorava em ativar nosso número, ficava exibindo-se com os braços para cima, tentando mostrar o pouco de músculos nada atraentes que tinha. Estava estampado em seus olhos que ele era o tal amigo. De longe eu percebia seus olhos devorando o corpo de Fran, ela que sem notar exibia um pouco da calcionha, calcinha florida que insitava a mente do açougueiro, que viemos a saber seu nome, era Pedro.



Pedro acabara de terminar um relacionamento. Encontrava no açougue uma paixão a qual poderia ser correspondida, o contato com a carne, aquela que podia ser dividida em várias partes. Imaginava-se no harém, carnes frescas e apetitosas. Quando seus olhos se puseram em Fran sentiu um tesão absurdo. Ela era a carne fresca dos seus sonhos libidinosos, imaginou-se com seu pedaço de carne de estrutura razoável nas mãos daquela garota, ela a devorando, a consumindo. Pedro saiu do seu devaneio, lembrou-se que estava no supermercado, encostou seu corpo no freezer para esfriar a carne que estava cozinhando dentro de sua calça. Perguntou paara a moça que pedaço de carne desejaria.



- Carne moída.



Comprimiu seus lábios, talvez fosse um fora, resolveu aquietar-se, mas não resistiu.



- Tem namorado?



Ao ouvir a resposta voltou aos seus pensamentos, consumindo a carne fresca do açougue, a única que poderia ser devorada naquele instante.